sexta-feira, 23 de agosto de 2013

REALISMO NATURALISMO 2 ANO


 


ESCOLA ESTADUAL TRÊS PODERES
 Língua Portuguesa/Literatura
Turma: 2º ano
 Assunto: REALISMO/NATURALISMO  
Prof.: Elaine Regina
                                       

                                                             REALISMO/NATURALISMO

            As mudanças ocorridas na sociedade acabaram por gerar uma nova maneira de ver o mundo, que, como não poderia deixar de ser, se expressou na literatura e nas demais artes. Começa a se delinear um novo estio de época, o Realismo/Naturalismo.
            Os artistas desse período atribuíam à arte uma função social, rejeitando o ponto de vista idealizado dos românticos. Em suas obras, os escritores procuram refletir sobre a realidade sócio-histórica, promover debate e, assim, contribuir para modificar essa realidade. Pretendem ter um ponto de vista impessoal na análise da sociedade, utilizando métodos semelhantes aos das ciências exatas.
            Os princípios básicos do Realismo/Naturalismo são: objetividade, crença na razão e função social da arte.
            Nem sempre é fácil distinguir uma obra realista de uma naturalista. Pode-se dizer que o Naturalismo surge como tendência  dentro do Realismo.
            Embora tenham os mesmos princípios básicos, a visão do escritor naturalista é mais determinista que a do escritor realista. Faz um retrato da sociedade de acordo com as novas teorias científicas: o ser humano aparece como resultado do condicionamento de forças biológicas, desencadeado por  fatores hereditários e ambientais, de que não pode escapar. O comportamento humano é comparado ao do animal, que age por instinto.
            Nos romances naturalistas a ação importa mais do que a vida interior das personagens. Já o escritor realista preocupa-se mais com a análise psicológica das personagens.
            Com relação aos temas, nota-se nos escritores naturalistas preferência por assuntos relacionados à patologia social ou sexual, com ênfase, muitas vezes, nos aspectos mais grotescos e repulsivos da vida.
            O escritor realista/naturalista destaca-se como produtor de uma “arte engajada”, apresentando sua obra como  instrumento de crítica social. Defende ideias republicanas e socialistas, tendo a burguesia e o clero como alvos preferenciais.


                                             O REALISMO NO BRASIL (1881 – 1893)

                                                    CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL

O segundo Império brasileiro (1841-1889) foi um período de muita riqueza para os grandes comerciantes e fazendeiros. Aclamado imperador, Dom Pedro II assumiu o governo com apenas 14 anos. O país vivia um momento de paz, que favorecia os interesses da classe dominante, representada pelos proprietários rurais. Nesse período, além do café, também o cacau e a borracha alcançavam alto valor no mercado externo. Nessa época o centro comercial deslocou-se do Nordeste, onde a produção açucareira entrava em crise, para o Sudeste, com suas plantações de café.
A base, porém, ainda era a mão de obra escrava. Isso colocava muitos intelectuais em uma situação incômoda: como aceitar um enriquecimento e um progresso que se fundamentavam na exploração desumana de parte da população? Assim, as ideias antiescravocratas foram algumas das motivações dos escritores da época, que viviam um momento de grande influência de correntes liberais, republicanas, científicas, passando a negar o espírito romântico e buscando novas formas de exercer a literatura.

O REALISMO

O Realismo surgiu como uma reação ao subjetivismo, ao individualismo e ao eu românticos. Em seu lugar surge o objetivismo.
Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, buscando as causas dos fatos e fenômenos que abordam.
            Assinala-se o ano de 1881 como o marco inicial do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e de O Mulato, de Aluísio Azevedo. Machado de Assis, o grande representante do nosso Realismo, é também um dos autores mais importantes de toda a literatura brasileira. Com humor e fina ironia, observa e analisa os conflitos interiores das personagens, traçando um perfil bastante crítico da sociedade da época. Sua literatura mostra a hipocrisia, o egoísmo e o comportamento interesseiro da burguesia escravocrata. A relatividade dos conceitos morais dessa classe, o tédio, a loucura e o adultério são temas frequentes em sua obra. Um outro nome importante do realismo brasileiro é o de Raul Pompéia, cujo romance O Ateneu classificado como impressionista: traz as impressões que a realidade desperta no narrador.

       O NATURALISMO
           
           Os ideais do realismo levados às últimas consequências originaram o que se chamou de Naturalismo, movimento que considera o ser humano como um produto biológico, profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu comportamento.
A visão naturalista é essencialmente cientificista e determinista: o ser humano age por instinto, não tem o poder de interferir em seu destino por meio da razão e da vontade. O autor naturalista pretende, com suas obras, mostrar ao leitor que o meio determina o comportamento das pessoas.
Ao escritor naturalista, mais do que registrar o contexto em que desenvolvia a sociedade nesse momento, interessava analisar o indivíduo de temperamento doentio. Aluísio Azevedo é o nome mais importante da tendência naturalista do nosso romance.

                                  CARACTERÍSTICAS DO REALISMO E DO NATURALISMO

Determinismo – Para Hippolyte Taine, criador da teoria determinista, o comportamento humano depende das características fisiológicas do indivíduo, do meio e do momento histórico. Influenciados por essa teoria, os romances realistas e especialmente os naturalistas têm enredos presos à ideia de que as “leis naturais” são as únicas responsáveis pelo destino do indivíduo. As personagens agem guiadas pelos instintos e são resignadas, já que seu destino não depende da sua vontade ou interferência.
Positivismo – De acordo com essa doutrina, criada por Auguste Comte, apenas os conhecimentos baseados em fatos e dados de experiência seriam válidos. Para entender o mundo, bastaria observá-lo, experimentá-lo e compará-lo, como em um procedimento científico. Na literatura, o positivismo influenciou a criação das personagens, fazendo o escritor realista se sentir no dever de revelar o que leva suas personagens a agirem como agem (comparando as atitudes de uma com as outras), qual a verdade por trás de seu comportamento em sociedade.
Socialismo – O socialismo surgiu no século XIX como reação às profundas desigualdades entre os grupos sociais. Está presente na literatura realista no desejo de reformar a sociedade e democratizar o poder político.
            Evolucionismo – Em sua obra A origem das espécies, de 1859, Charles Darwin apresenta a teoria da seleção natural, segundo a qual sobrevivem as espécies que melhor se adaptam ao meio ambiente. Darwin apresenta o ser humano como uma espécie entre outras tantas, uma ideia que causou escândalo, pois contradizia a noção da criação divina (criacionismo). No caso da literatura, o darwinismo se manifesta nas personagens que, agindo movidas pelos instintos, e não pela razão, se igualam a outras espécies.
            Arte como bandeira – A arte realista era engajada, visava à solução dos problemas sociais.
            Realidade – Apresentar a realidade é a missão do escritor realista. E ele procura cumprir esse papel de forma objetiva, como um observador. As personagens devem ser construídas com base nos tipos reais, e os fatos narrados devem traduzir fatos concretos da vida, sem idealizações.
            Descrição – o escritor realista descreve as personagens e os ambientes com todos os pormenores, deixando clara a intenção de denunciar a sociedade real. Ao mesmo tempo, busca manter-se neutro, isto é, não revelar sua opinião.


                                                        PALAVRA DE ESCRITOR

Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto. Faço o que posso, mas para mim o trabalho é distração necessária. O homem “é uma errata pensante... Cada  estação da vida é uma edição que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes”.        Machado  de Assis


            É muito difícil escrever romances no Brasil!... O pobre escritor tem a lutar com dois terríveis elementos – o público e o crítico. O público, que sustenta a obra, e o crítico, que a julga e às vezes a inutiliza; o público, que compra um livro para aprender, e o crítico, que exige que o livro sustente as suas ideias e pense justamente como ele – crítico.      Aluísio Azevedo