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ESCOLA ESTADUAL
TRÊS PODERES
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Língua Portuguesa/Literatura
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Turma: 2º ano
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Assunto: REALISMO/NATURALISMO
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Prof.: Elaine Regina
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REALISMO/NATURALISMO
As
mudanças ocorridas na sociedade acabaram por gerar uma nova maneira de ver o
mundo, que, como não poderia deixar de ser, se expressou na literatura e nas
demais artes. Começa a se delinear um novo estio de época, o Realismo/Naturalismo.
Os artistas desse
período atribuíam à arte uma função social, rejeitando o ponto de vista
idealizado dos românticos. Em suas obras, os escritores procuram refletir sobre
a realidade sócio-histórica, promover debate e, assim, contribuir para
modificar essa realidade. Pretendem ter um ponto de vista impessoal na análise
da sociedade, utilizando métodos semelhantes aos das ciências exatas.
Os princípios básicos
do Realismo/Naturalismo são:
objetividade, crença na razão e função social da arte.
Nem sempre é fácil
distinguir uma obra realista de uma naturalista. Pode-se dizer que o Naturalismo surge como tendência dentro do Realismo.
Embora tenham os mesmos
princípios básicos, a visão do escritor naturalista é mais determinista que a
do escritor realista. Faz um retrato da sociedade de acordo com as novas teorias
científicas: o ser humano aparece como resultado do condicionamento de forças
biológicas, desencadeado por fatores
hereditários e ambientais, de que não pode escapar. O comportamento humano é
comparado ao do animal, que age por instinto.
Nos romances
naturalistas a ação importa mais do que a vida interior das personagens. Já o
escritor realista preocupa-se mais com a análise psicológica das personagens.
Com relação aos temas,
nota-se nos escritores naturalistas preferência por assuntos relacionados à
patologia social ou sexual, com ênfase, muitas vezes, nos aspectos mais
grotescos e repulsivos da vida.
O escritor realista/naturalista destaca-se como
produtor de uma “arte engajada”, apresentando sua obra como instrumento de crítica social. Defende ideias
republicanas e socialistas, tendo a burguesia e o clero como alvos
preferenciais.
O
REALISMO NO BRASIL (1881 – 1893)
CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL
O segundo Império brasileiro (1841-1889) foi
um período de muita riqueza para os grandes comerciantes e fazendeiros.
Aclamado imperador, Dom Pedro II assumiu o governo com apenas 14 anos. O país
vivia um momento de paz, que favorecia os interesses da classe dominante,
representada pelos proprietários rurais. Nesse período, além do café, também o
cacau e a borracha alcançavam alto valor no mercado externo. Nessa época o
centro comercial deslocou-se do Nordeste, onde a produção açucareira entrava em
crise, para o Sudeste, com suas plantações de café.
A base, porém, ainda era a mão de obra
escrava. Isso colocava muitos intelectuais em uma situação incômoda: como
aceitar um enriquecimento e um progresso que se fundamentavam na exploração
desumana de parte da população? Assim, as ideias antiescravocratas foram
algumas das motivações dos escritores da época, que viviam um momento de grande
influência de correntes liberais, republicanas, científicas, passando a negar o
espírito romântico e buscando novas formas de exercer a literatura.
O REALISMO
O Realismo
surgiu como uma reação ao subjetivismo, ao individualismo e ao eu românticos. Em seu lugar surge o
objetivismo.
Os realistas procuram retratar o homem e a
sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos
comportamentos, buscando as causas dos fatos e fenômenos que abordam.
Assinala-se o ano de
1881 como o marco inicial do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis, e de O Mulato, de
Aluísio Azevedo. Machado de Assis, o
grande representante do nosso Realismo, é
também um dos autores mais importantes de toda a literatura brasileira. Com
humor e fina ironia, observa e analisa os conflitos interiores das personagens,
traçando um perfil bastante crítico da sociedade da época. Sua literatura
mostra a hipocrisia, o egoísmo e o comportamento interesseiro da burguesia
escravocrata. A relatividade dos conceitos morais dessa classe, o tédio, a
loucura e o adultério são temas frequentes em sua obra. Um outro nome
importante do realismo brasileiro é o de Raul
Pompéia, cujo romance O Ateneu classificado
como impressionista: traz as
impressões que a realidade desperta no narrador.
O NATURALISMO
Os ideais do realismo levados às últimas consequências originaram o
que se chamou de Naturalismo,
movimento que considera o ser humano como um produto biológico, profundamente
marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela
hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu
comportamento.
A visão naturalista é essencialmente
cientificista e determinista: o ser humano age por instinto, não tem o poder de
interferir em seu destino por meio da razão e da vontade. O autor naturalista
pretende, com suas obras, mostrar ao leitor que o meio determina o
comportamento das pessoas.
Ao escritor naturalista, mais do que
registrar o contexto em que desenvolvia a sociedade nesse momento, interessava
analisar o indivíduo de temperamento doentio. Aluísio Azevedo é o nome mais
importante da tendência naturalista
do nosso romance.
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO E DO NATURALISMO
Determinismo
– Para Hippolyte Taine,
criador da teoria determinista, o comportamento humano depende das
características fisiológicas do indivíduo, do meio e do momento histórico.
Influenciados por essa teoria, os romances realistas e especialmente os
naturalistas têm enredos presos à ideia de que as “leis naturais” são as únicas
responsáveis pelo destino do indivíduo. As personagens agem guiadas pelos
instintos e são resignadas, já que seu destino não depende da sua vontade ou
interferência.
Positivismo – De acordo com essa doutrina, criada por
Auguste Comte, apenas os conhecimentos baseados em fatos e dados de experiência
seriam válidos. Para entender o mundo, bastaria observá-lo, experimentá-lo e
compará-lo, como em um procedimento científico. Na literatura, o positivismo
influenciou a criação das personagens, fazendo o escritor realista se sentir no
dever de revelar o que leva suas personagens a agirem como agem (comparando as
atitudes de uma com as outras), qual a verdade por trás de seu comportamento em
sociedade.
Socialismo – O socialismo surgiu no século XIX como
reação às profundas desigualdades entre os grupos sociais. Está presente na
literatura realista no desejo de reformar a sociedade e democratizar o poder
político.
Evolucionismo – Em sua obra A
origem das espécies, de 1859, Charles Darwin apresenta a teoria da seleção
natural, segundo a qual sobrevivem as espécies que melhor se adaptam ao meio
ambiente. Darwin apresenta o ser humano como uma espécie entre outras tantas,
uma ideia que causou escândalo, pois contradizia a noção da criação divina
(criacionismo). No caso da literatura, o darwinismo se manifesta nas
personagens que, agindo movidas pelos instintos, e não pela razão, se igualam a
outras espécies.
Arte como bandeira – A arte realista era engajada, visava à solução
dos problemas sociais.
Realidade – Apresentar a realidade é a missão do escritor realista.
E ele procura cumprir esse papel de forma objetiva, como um observador. As
personagens devem ser construídas com base nos tipos reais, e os fatos narrados
devem traduzir fatos concretos da vida, sem idealizações.
Descrição – o escritor realista descreve as personagens e os
ambientes com todos os pormenores, deixando clara a intenção de denunciar a
sociedade real. Ao mesmo tempo, busca manter-se neutro, isto é, não revelar sua
opinião.
PALAVRA
DE ESCRITOR
Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém
mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o
encoberto. Faço o que posso, mas para mim o trabalho é distração necessária. O
homem “é uma errata pensante... Cada
estação da vida é uma edição que corrige a anterior, e que será
corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos
vermes”. Machado de Assis
É muito difícil escrever romances no
Brasil!... O pobre escritor tem a lutar com dois terríveis elementos – o
público e o crítico. O público, que sustenta a obra, e o crítico, que a julga e
às vezes a inutiliza; o público, que compra um livro para aprender, e o
crítico, que exige que o livro sustente as suas ideias e pense justamente como
ele – crítico. Aluísio Azevedo
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